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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Eu hoje

Hoje aconteceu uma coisa que, pela primeira vez, fez com que eu me questionasse sobre a vida que levo. Essa vida de mãe solteira com jornada tripla, a que trabalha o dia todo fora de casa deixando os filhos na creche, a que trabalha em casa sem deixar de atender as crianças e a que muitas vezes tem um trabalho extra para completar o orçamento. Hoje me questionei onde as mulheres do século passado estariam com a cabeça quando bateram o pé exigindo direitos iguais. Direitos iguais pra quê? Pra provar que podemos fazer o que quisermos, que podemos ir aonde nossos sonhos nos levem e que o quer que escolhamos fazer, vamos fazê-lo bem?!? Sim, eu sei que eu posso. Mas a pergunta que me fiz hoje foi: eu quero??

Senti saudade da mulher que eu poderia ter sido no tempo da minha avó. Que ficava em casa cuidando da comida, da roupa, da faxina. Hoje trabalho pra poder pagar alguém que faça isso por mim. Faz algum sentido isso?? Faltam horas no meu dia, sempre acabo deixando n coisas pra fazer no dia seguinte, como se o dia seguinte não fosse ter suas próprias tarefas. Não dou conta. Hoje desejei ser mujer florero, ficar em casa me ocupando dos afazeres do lar, receber meu marido no fim o dia com um beijo e a janta na mesa. Patético depender de alguém? Não ter vida própria? Pode ser, mas a verdade é que eu sinto falta da minha casa, do meu tempo pra cuidar das minhas coisas e principalmente, de ter todo o tempo disponível para o meu filho. Não que eu não seja uma mãe dedicada, eu acho até que devo estar um pouco acima da média, já que meu filho é minha responsabilidade e eu não delego isso a ninguém. Pode faltar tempo pra mim, não para o meu filho. Mas hoje eu percebi que por mais que eu me esforce, vão haver momentos em que eu não vou poder estar ali e isso me incomodou. Me senti a pior das mulheres, a pior das mães. Coisa minha, ele nem percebeu. Mas minha alma ficou traumatizada, como se tudo o que eu acreditava ter como base tivesse desmoronado.

Eu não sei exatamente onde nós mulheres vamos parar. Ser mulher no século passado também devia ter suas dificuldades, diferentes dessas, mas ainda dificuldades. A única coisa que sei é que hoje não estou tranquila. Tem um turbilhão de emoções dentro de mim se movendo vertiginosamente e eu não faço idéia do que fazer com elas. Vou dormir pra ver se se acalmam.